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sexta-feira, janeiro 30, 2004

Mais luminoso que a luz 

Ainda não tendo lido a obra, admiro, espontaneamente, João Magueijo, esteja ele certo ou errado no seu questionamento a Einstein.
Quantas pessoas leram a Teoria da Relatividade Absoluta? E a Restrita? Quantas as compreenderam, pelo menos em parte? Aqui está um homem que não só leu e compreendeu, como, uma bela tarde, terá pensado que alguma coisa ali não estava bem.
A maior parte de nós passa a vida a tentar fazer o melhorzinho possível; o jovem cientista português teve a audácia de sugerir que o homem do século XX talvez estivesse errado. Édómem!!
AB

quinta-feira, janeiro 29, 2004

Hollywood é um lugar estranho 

- O segundo filme de Sofia Coppola ganhou três Globos de Ouro pelas razões erradas. “Lost in Translation” ganhou os globos de melhor argumento, melhor comédia e melhor actor de comédia. Apesar de ter alguns diálogos desconcertantes, o forte do filme não é – convenhamos – o argumento (uma relação de amor, passada no Japão, entre um tipo de meia idade e uma licenciada em Filosofia à procura do sentido da vida). Parece-me também evidente: Bill Murray, mesmo com as piadas de ocasião, é aqui sobretudo um homem triste e cínico, que já solidificou as suas conclusões - nada simpáticas - sobre a existência. Os momentos mais intensos de “Lost in Translation” talvez sejam aqueles em que Murray aparece - na sua expressão de humorista angustiado - em silêncio. Para além do mais, um filme com tanto ambiente de karaoke não pode ser considerado cómico.

- Houve muita gente arreliada com a ideia que “Love Actually” deu dos portugueses. Tenho curiosidade em saber se a reacção que os japoneses tiveram em relação a este filme foi parecida – ou se, pelo contrário, conseguiram ter a capacidade de ironizar com a imagem delirante e decadente que é aqui dada do Japão. NCS

terça-feira, janeiro 27, 2004

MARIA FILOMENA MÓNICA NO "É A CULTURA, ESTÚPIDO!" 

Maria Filomena Mónica é a convidada do próximo "É a Cultura, Estúpido!", marcado para amanhã, dia 28 de Janeiro, às 18h30, no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz. A conversa com a autora, conduzida pela jornalista Anabela Mota Ribeiro, vai girar à volta dos seus livros sobre Eça de Queiroz - o mais recente dos quais intitula-se "Eça de Queiroz Jornalista" (Principia).
O jornalismo será também o tema do debate entre Daniel Oliveira e Pedro Lomba, a partir do livro de Mário Mesquita, "O Quarto Equívoco - o Poder dos Media na Sociedade Contemporânea" (MinervaCoimbra).
Mantêm-se as escolhas do mês dos críticos e jornalistas residentes - José Mário Silva, Pedro Mexia, João Miguel Tavares e Nuno Costa Santos - e o stand-up comedy final de Ricardo Araújo Pereira.
Os encontros "É a Cultura, Estúpido!", organizados pelas Produções Fictícias, continuarão a realizar-se até Junho de 2004, nas últimas quartas-feiras do mês, no Jardim de Inverno do Teatro Municipal São Luiz.

segunda-feira, janeiro 26, 2004

Nasceu na Sülzburgstraße  

Soube-o hoje de manhã, quando saía de casa. O vizinho do primeiro andar, assim que ouviu alguém na escadaria, surgiu ansiosamente à porta, desesperado por partilhar a sua felicidade. A sua primeira filha tinha nascido, durante a manhã, ali em casa, dois andares mais abaixo, e fui assim, muito emocionado, o primeiro a vê-la, apenas com algumas horas de vida, a descansar de uma noite da qual nunca se recordará. Nessa noite, anónima para mim, em que jantei, li, escrevi, pensei, conversei, apenas dois andares mais abaixo, os meus vizinhos estavam a passar pelo momento mais feliz da sua vida. Quando me fui deitar, a Luna nascia. Esta emoção acompanhou-me durante todo o dia, entrou comigo no eléctrico e leu comigo o jornal. Há momentos que não se esquecem e compensam a tristeza de uma morte aos 24 anos. Apenas dois andares mais abaixo. Hoje de manhã. REC

domingo, janeiro 25, 2004

Cimento, logo existo 

Há dias, em declarações à Sic Notícias, acenando a Manuel Maria Carrilho, o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa dizia mais ou menos o seguinte: "Não sou empreiteiro, mas sou político e de um bom político o povo espera obras, não espera filosofia."
O tom com que a frase é dita ajuda ao carácter definitivo e absoluto que a ideia nela contida procura ter, o que me recorda uma velha regra de vida, segundo a qual um disparate dito em voz alta passa por verdade. Neste caso concreto, não é difícil imaginar que, no jeito de herói injustiçado a que Santana Lopes nos habituou, se dita num congresso ou num comício, tal declaração arrecadaria, de pronto, uma imensa ovação ao público empolgado.
A verdade é que esta ideia encerra o pecado capital de que padece a política portuguesa: o de que o suposto pragmatismo da mesma se traduz em cimento e não em pensamento.
Não consta que Churchill ou Franklin ou Rousseau tenham andado em andaimes ou fossem habilidosos com o martelo pneumático nem que a grande muralha da China seja melhor obra que a Teoria da Justiça de Rawls. As revoluções liberais não foram feitas à custa de pontes ou castelos e a democracia não saiu da cabeça de um trolha. Se Lincoln foi mestre de obras também não há relatos e a Declaração Universal dos Direitos Humanos não terá sido escrita nos intervalos da construção de nenhum palácio.
O que Santana Lopes esquece, como a assustadora maioria dos portugueses, é que a política, a verdadeira pol?tica, a que muda alguma coisa para sempre, foi e será feita pela filosofia, pelo pensamento, pela compreensão dos problemas e pela capacidade de vislumbrar um caminho duradouro em direcção ao futuro. Já a política das grandes obras de betão está, se pensarmos a História, frequentemente associada aos regimes ditatoriais.
Muito mais que o conteúdo das emissões televisivas, que a desintegração das famílias ou que os maus programas educativos, é o esquecimento da necessidade deste organismo político pensante e a ignorância atrevida com que são tratados aqueles que mudaram o mundo que lançaram Portugal na profunda estupidez em que vive.
A quem concorde com Santana Lopes aconselharia a, nas próximas eleições, votar Somague.
AB

Hello again, naturally 

Num momento em que a blogosfera perdeu já o seu ímpeto inicial e parece condenada a ver sair, a pouco e pouco, alguns daqueles que dela fizeram objecto de dossiers na imprensa e debates nas estações televisivas, torna-se estranho regressar. Pergunta-se, com mais veemência, de que serve um blog, um post, o tempo despendido, a nossa opinião acerca do que quer que seja. Torna o pavor do monitor em branco e o receio de escrever um disparate imenso ou qualquer coisa que, simplesmente, a ninguém importe.
Mas as promessas devem ser cumpridas e, bem feitas as contas, fica sempre bem entrar em cena fora de moda, sem nenhum timing, contra o sentido de oportunidade.
Depois de quatro meses de exílio, volto ao Desejo Casar sem qualquer noção do que se tenha escrito entretanto, do que esteja quente ou frio, do que tenha sido já esgotado e daquilo que esteja mesmo na hora de ser dito. Talvez seja, afinal, a forma mais verdadeira de se postar.
O Luís Borges e o Hugo Rosa já saíram; a Inês e a Filipa entraram. A todos eles e àqueles que nos visitam, peço que me perdoem o silêncio e condescendam no fora de forma que devo estar. Qual jogador da bola acabado de chegar do Brasil, prometo apenas muito trabalho. Com a graça dji Deus, a gentxi vai consegui!
AB

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