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sábado, dezembro 06, 2003

Rothko 

Era uma menina que se contemplava no vidro
de um Rothko encostado à parede, no chão do quarto.
E porque não havia mais espelhos na casa
a sua imagem ficou para sempre rust and blue.

(à falta de imagem própria, cf. bde.weblog.com.pt, post de JMS)
IFS

Vitória das forças aliadas 

Bem, a Sara, uma das comovidas que me mandou um mail e que deve ter um blog para o qual eu não sei remeter, fez-me a papinha toda e, como devem ter percebido pela segunda imagem abaixo, deu resultado. Muito obrigada, Sara. Agradeço também o esforço do Júlio, do blog tribo dos sonhos. Tem, de facto, tanta fé e esperança que achava que eu conseguiria perceber os comandos todos que escreveu no mail. E mais: achava que o LFB sabia como «postar» imagens. Pois, não sabe, o que só me faz sentir melhor, mais acompanhada em termos de ignorância blogosférica. Entretanto, parece que um blog já desaparecido, o Espigas ao Vento, dedicou um longo post ao desaparecimento do Copito de nieve. Que justiça tenha sido feita: com o DC a acolher a imagem do Copito de nieve no seu melhor, com os devidos agradecimentos e com as devidas desculpas. «Assim seja feito: a mais e a menos» (para ter citado assim tão repentinamente, estes versos devem ser, quase de certeza, do Manuel António Pina). IFS

Vamos lá ver se é desta - II 



IFS

Genial! 

Peço desculpa a todos os casadoiros pelo post anterior. Estava a seguir as instruções dos comovidos com o que escrevi sobre o Copito de nieve. Pois é, houve quem se comovesse. E, se soubesse remeter para os blogs dessas pessoas, fá-lo-ia. No entanto, nem as instruções consegui perceber. Pelo menos as da capa dos Basement Jaxx. Vamos lá ver se, sem a capa, o Copito de nieve aparece por aqui. É que isto para mim já se está a tornar uma espécie de missão. IFS

vamos lá ver se resulta 

img src="c:\os meus documentos\as minhas imagens\rooty cover">
IFS

é Mao rever a CRP todos os dias pela manhã antes de lavar os dentes 

Como um dos imperativos da revisão constitucional, Durão Barroso invocava o facto da "Constituição só ser democrática desde 1982"... Mas, dr. Durão Barroso, e desde quando é que o senhor primeiro-ministro "é democrático"?... Se calhar, está também a precisar de revisão... MR

Si Sta Facendo Sempre più Tardi 

«Momentos houve em que a circunstância histórica, a liberalidade da sociedade, a aparente felicidade do ser, nos levaram a acreditar que conhecíamos essa plaqueta, essa inefável e minúscula criatura do ser graças à qual a vida e a inteligência da vida nasceram à superfície da terra. Foram sem dúvida alguma os momentos mais belos e mais felizes para os Conhecedores, quer dizer, para aqueles a quem a natureza concedera o privilégio de compreender por todos os outros. Mas a ilusão é sempre efémera. Quando não se evapora pela sua própria natureza, morre por obra e graça do arame farpado. Há dois arames farpados fundamentais que actuam para matar a compreensão da nossa alma: um deles é o que os outros levantam para nós, o outro é o que nós próprios erguemos. Não falarei do primeiro: é tristemente conhecido, neste nosso século que Primo Levi resumiu nesta fórmula sinistramente química: Zyklon B, radioactividade e arame farpado. E nesta época de negacionismo e revisionismo segundo o qual os cadáveres das valas comuns dos campos de concentração, as montanhas de sapatos e óculos que ainda hoje se podem ver em Auschwitz são mero fumo expelido pelas chaminés da imaginação dos historiadores sectários, falar de arame farpado pareceria sarcasticamente tautológico.»

Antonio Tabucchi, "Da dificuldade de nos libertarmos do arame farpado", in "Está a fazer-se cada vez mais tarde", Publicações Dom Quixote
HR

O escândalo para a democracia 

Para o Presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, a provável coligação PSD/CDS-PP para as próximas eleições na região, em 2004, é «um escândalo para a democracia». Eu ouço estas sábias palavras e penso: como é possível que isto seja dito por alguém que representa o PS nos Açores, partido que reclama, nacionalmente, a sua (legítima) quota-parte na formação de um Estado de Direito democrático? Aquela afirmação é, por isso, chocante, despudorada e ridícula. Carlos César já devia ter aprendido que é a democracia, palavra cara, que possibilita a formação dessa coligação (que já existe a nível nacional) e a votação popular nessa força coligada ou noutra qualquer, onde se inclui o PS-Açores.
Escândalo para a democracia é este senhor proferir semelhantes afirmações que, ou muito me engano, ou vão custar caro ao Partido Socialista-Açores, para o ano que vem. É pena, mas há quem perca por falar: pela boca morre o peixe.
HR

sexta-feira, dezembro 05, 2003

Copito de nieve 

Ninguém, repito, ninguém na blogosfera chorou a morte de Copito de nieve, o gorila albino que, em vida, lamentou o que muitos ambicionam: viver em Barcelona. Se soubesse pôr imagens no blog, estas parcas palavras seriam ilustradas pela capa de «Rooty», dos Basement Jaxx. Resta-me esperar que alguém a quem o destino reservou um exemplar do dito álbum e conhecimentos blogosféricos mais vastos do que os meus passe por aqui e se comova. IFS

sozinho em casa 

Calma, não é para dizer mal do Rolo Duarte outra vez. É que a sexta-feira já vai de noite e ninguém aparece na mesa de queijos e vinhos. Vou-me empanturrando, à cabeceira, enquanto penso nos destinos de sonho dos meus colegas de casa em novo fim-de-semana prolongado. O ponto está picado. Onde estais, casadoiros meus? LFB

quinta-feira, dezembro 04, 2003

Escrita automática: Av. da República - Saldanha 

Deambular. Escrever os passos. Descrever. Curvas. Palavras. Andar, andar, andar. Chego. Lisboa. Ando, ando, ando. Passos. Rápidos, parados. Passos. Leves, tristes. Pegadas. Um carro. Dois, três, quatro. Tapo. Os ouvidos. Recomeço. Os dentes. Angústia. A saliva. Ando, ando, ando. Passos. Cansados, constrangidos. Respiro. Fundo. Os lábios. Não paro. Acalmo. Sou acalmada. Acalmo-me. Agitação. Turbulência. Pensamentos. Antigos, projectados. Os olhos. O futuro. Avanço. Agito. Paro. Sou parada. Paro-me. Salto, salto, salto. A pele. O passado. O presente. Repito. Sou repetida. Repito-me. Misturo os tempos. Mix orgânico. Mix sentimental. Os cabelos. Insensível. Sou insensível. Insensibilizo-me. Corro, corro, corro. Atropelo. Sou atropelada. Atropelo-me. Paro. Olho para o lado. Corro. Tropeço. Não me interesso. Irrequieta, atrasada. Os pulsos. Desvaneço. Sou desvanecida. Desvaneço-me. Pegadas. Fico. Misturas reais. Misturas irreais. Misturas surreais. O passado. O presente. E o futuro. Desespero. Não desespero. Avanço. Não avanço. Perco. Sou perdida. Perco-me. Estou. Longe. Lisboa. Longe, longe, longe. IFS

a verdade viaja à vela 

No rescaldo da decepção America's Cup, uma ideia que pode ajudar a entender os critérios da escolha de Valência. Um dos ditos era a segurança da prova, a necessidade de evitar locais potencialmente sujeitos a acções terroristas, etc. Ora, a Espanha tem a ETA e ocupa ilegalmente Olivença. É nitidamente um Estado perigoso, instável, desgovernado.
Mas, e nós?... O que é a ETA comparada com os taxistas de Lisboa? O que é a ocupação de Olivença comparada com o lóbi das farmacêuticas? O que é o Batasuna comparado com o PSD/Madeira?
Da Suíça já não vêm só chocolates e dinheiro de ex-ministros das Obras Públicas (Isaltino lives). Vêm também sábios avisos, à vela. MR

o cota rookie (a la recherche) 

Começo a perceber a espiritualidade dos surfistas. Dos verdadeiros, daqueles que vão para as ondas em pleno inverno, debaixo de chuva e com a areia a imitar o gelo. Sou velho para isto, tenho 26. Mas hei-de conseguir. Fartei-me de igrejas há anos. Prefiro procurar Deus, como eles fazem, sorrindo sobre a água, aquietados debaixo dela, fiéis às marés. Além do mais, qualquer açoriano que se preze têm a obrigação de apanhar pelo menos uma onda por dia. LFB

come e cala 

Na Alemanha, está a ser julgado um indivíduo que convidou (através da net) outro fulano para jantar e acabou por comê-lo. Assim se vê a diferença entre um país de primeiro mundo e o nosso. O DC já tem seis meses e ainda não passei da primeira fase: 2 ou 3 jantares com fãs. Parece-me injusto. LFB

Consequência do tempo 

«O que importa é ser – e para isso qualquer sítio serve.»
Carlos Queiroz

Mas este senhor não teve a oportunidade de conhecer a blogosfera. IFS

quarta-feira, dezembro 03, 2003

Nove anos 

Antena 1, nove da manhã. António Macedo pede a Júlio Machado Vaz que comente a seguinte definição de amor dada por uma miúda de nove anos: "É abanar as ancas e seja o que Deus quiser".

Nota: E não era casapiana. CMC

O que cansa mais 

A edição de ontem do jornal Público traçava, em linhas gerais, o roteiro das principais iniciativas com vista a uma solução pacífica para o conflito israelo-palestiniano: desde os Acordos de Oslo, de 1993, à Iniciativa de Genebra, do corrente mês, passando pelo Plano Clinton, datado de 2000, a paz tem vindo a ser discutida arduamente, com aproximações de acordo entre as partes, que rapidamente se desvanecem porque nem de um lado, nem de outro, há pessoas dispostas a conceder, seja em matéria de desocupação de território, seja em matéria de retorno de refugiados. Ora um acordo implica exactamente isso: concessões de parte a parte. Todos perdem alguma coisa, mas ganham muito mais.
Trata-se fundamentalmente de dez anos perdidos. O que significa, como referiu Shlomo Ben-Ami, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, que, a haver paz, ela será não a "paz dos bravos", mas a "paz dos cansados".
O que cansa mais: procurar a paz ou manter a guerra?
HR

Reflexões natalícias I 

O Natal é um vício com barbas. «Olá, o meu nome é Inês e sou nataólica». IFS

terça-feira, dezembro 02, 2003

vida nova e milperdões 

Há umas duas semanas que o trabalho e a neura outonal impedem-me de responder a mails, mesmo àqueles que generosamente encomendam o livrinho.
Ora bem, depois de uma violenta surra administrada pela minha editora e seu sócio, e de 3 revigorantes dias fora de Lx, venho proclamar a vida nova. Estou a cumprir os intensos deadlines e prestes a entrar em dias mais calmos. Promete-se regresso em grande ao blog, 6 meses antes de terminar a aventura. Que é como quem diz, a meio da caminhada - uma vez que o DC faz meio ano a 10 de Dezembro. A 10 de Junho deixo-me de escrita blogosférica. Até lá, quero regressar à correspondência com o "DC alternativo". Aqui ficam as minhas sinceras desculpas pela ausência. LFB

vila nova de milcoisas 

acabadinho de chegar de Vila Nova de Milfontes vejo-me obrigado a postar um agradecimento. Ao nosso LCA, que lá possui uma casa que faz lembrar uma maquete do genérico do Dallas, e a quem cravarei a dita cuja para futuros fins-de-semana de onanismo literário; ao Rui Branco, com quem bati o record mundial de gins bombay tónicos no Trinca-Espinhas e que me ofereceu a melhor dissertação sobre o STAND-UP TRAGEDY, by now; ao Pedro Adão, surfer diabólico que me tentou com um fato e prancha sobresselentes (que tive de deixar para uma próxima por ter 45 minutos de um guião para escrever); a uma velha amiga, fã do fenómeno blogolândio - que é sempre um prazer rever; e às poucas mulheres que desafiam o rigoroso inverno para ceder encantos à vila. Ou "encantos à vila ceder", já que isto vai na rima. LFB

ps: e pegando na sugestão do MR, sugere-se a casa Camilo Alves para o I Congresso Nacional Casadoiro

Mulheres no Mundo-INDIA 

Da Sati de ontem às "bride burnt" de hoje

A Sati é a figura lendária da viúva indiana que se lança na pira funerária do marido.
Era prática bem mais esporádica e concentrada apenas em algumas regiões da Índia, ao contrário do que o mundo ocidental foi levado a crer. A sati, tal como as castas, foi convenientemente, aproveitada para legimitar a intervenção colonial, a humanização dos povos indianos, a erradicação de tradições atávicas e imobilistas de um "outro" que se tenta resgatar para um patamar superior de cultura.
A sati escondia, em muitos casos, um homicídio provocado pelos familiares ou um suicídio coercivo. O que restava à viúva de, então, com à de agora? A viúva indiana é uma mulher que falhou a sua razão de ser: cuidar do marido, o deus do lar, à semelhança de um "pater familiae" romano. É uma figura inauspiciosa na fertilidade da família, da terra, não tem direito alimentos, come os restos que os animais comem, é descaracterizada- retira-se-lhe a marca na teste, os saris com cores, fica reduzida a um sari branco que vai esgaçando e, até nas famílias de formação superior, permitir a presença de uma viúva debaixo do mesmo tecto, é uma especial concessão que se faz.
Hoje a sati está completamente erradicada, depois de uma assembleia de brâmanes ter autorizado a proibição da prática.
O que não quer dizer que não existam os chamados casos de "bride burnt". Suicídios de noivas depois de terem experimentado o terror na família do noivo. Ou homicídios perpetrados pela família do noivo, ateando a noiva como tocha viva, depois de descoberto um engano no dote ou um defeito na noiva ( ex: uma cega "bride burnt" cujo homicídio foi aceite pela família da noiva porque ocultara, na negociação do dote, a cegueira).
Hoje, como ontem, as mulheres indianas continuam sujeitas a todas as formas de violência física e psicológica por parte da família do marido e da sua própria família.
Estão-lhe vedados os casamentos fora da casta. É célebre o caso de uma indiana a viver no Quebec que por infringir esta lei, fugindo para a Índia e casando-se aí com um intocável, foi assassinada a soldo da própria família.
Mesmo as mulheres com formação superior que vêm estudar para o Ocidente não conseguem ultrapassar este tabu e fazer " love marriage". E é terrível a estigmatização a que está sujeita a mulher solteira na India. CMC

O verdadeiro jogo sujo 

Não sei se gosto de futebol por me ter habituado, desde pequena, a ir ao estádio e a ver os jogos do Benfica. Já me disseram que, neste campo, não há razões. As coisas são assim porque são. Somos de uma equipa porque sim, sofremos porque sim, descontrolamo-nos porque sim. Assim sendo, nunca, em relação ao futebol, tive a oportunidade de viver o instante primordial e imaculado em que somos receptivos a todo o tipo de atitudes. De entre as futebolísticas, sempre achei que a mais estranha é (de longe, de muito longe) a dos chamados «estetas da bola», aqueles seres que se dizem adeptos de uma equipa, pagam bilhete, vão ao estádio e saem de lá a dizer que gostaram muito do efeito produzido pelos jogadores em movimento no campo. Falam de harmonia, equilíbrio e efeitos estéticos afins. Sim, de facto, é mais interessante ver a nossa equipa ganhar se os jogadores forem brilhantes, se jogarem como nunca tinham jogado, etc, etc. Mas, conhecendo os mais ferozes adeptos, nunca, em tempo algum, os ouvi dizer: «hoje, apesar de termos jogado mal e de não merecermos ganhar, o jogo foi bonito». Não se diz. Não interessa. Está para além da irracionalidade requerida nestas ocasiões imperdíveis dada a liberdade que nos conferem. Todavia, nos últimos dias, o Sporting e os seus adeptos, a quem inocentemente não desejava mal até me ter apercebido de que 99% deles são antibenfiquistas, bateram (de longe, de muito longe) a escala da estranheza no que respeita a atitudes futebolísticas. Perderam. Foram eliminados. E em vez de tentarem desviar as atenções, maldizendo o Benfica, que, se bem me lembro (e lembro-me tão bem!), ganhou, revoltaram-se por terem perdido com uma equipa cujo nome é, segundo afirmam (todos eles, os de que gosto e os de que não gosto - todos, sem excepção), impronunciável. É por estas e por outras que o Sporting não deveria ser considerado uma verdadeira equipa de futebol. Uma equipa não é nada sem adeptos e os adeptos do Sporting jogam sujo, jogam com os sentimentos dos adversários, dos adeptos das outras equipas, invocando argumentos pseudolinguísticos que nos comovem e enternecem e nos fazem ter pena, mas nunca ódio, de um sportinguista. IFS

segunda-feira, dezembro 01, 2003

sensato conselho de Sebastião Alba antes que chegue a meia-noite 

"Não te deixes invadir por essa ternura delicodoce, fanada, a saudade à portuguesa; endurece; ou sucumbes".

domingo, novembro 30, 2003

Os poemas 

Gostava de ter mais um corpo, vê-lo crescer. (Paulo José Miranda)


«Os poemas estão cheios de considerações
e nós próprios somos uma qualquer reflexão
poética entre duas correntes literárias.»

Lembro-me do dia em que não me disseste
isto e a mim não me restou outra hipótese
senão atribuir-te o pensamento. Eu já não penso
noutra coisa que não seja um fenómeno físico.
Leio de mais e canso-me de mais
como se fosse tão velha, tão velha ou tão velha
que já me tivesse acabado a mim própria.
Não tenho mais nada a escrever nem a escrever-te.
Os ecos da memória suspenderam-se (como se diz
no título do teu romance preferido) para sempre.
IFS

Teses de domingo 

Os domingos existem para provar ao Homem como lhe pode ser nociva a produção de movimentos rápidos. IFS

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