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sábado, dezembro 13, 2003

Sara Baras enche São Luís 

O espectáculo do flamenco intriga-me. Sobretudo o facto de ver uma sala cheia e a vibrar com uma mulher que passa o tempo todo a dançar, sim, mas nunca se despe. E eu sempre à espera de um twist. LFB

sexta-feira, dezembro 12, 2003

A pólvora 

«O extraordinário da vida é a capacidade de certos seres para nascerem e morrerem conforme o amor que neles reina ou não.», Ruben A.

Assim acaba a vida: descem-se as ruas do cemitério
em busca de uma urna anterior à vida
que não faz tanta falta como aquilo que a faz viver.
E quando já nem as frases dos livros servem de legenda
aos ritos funerários, encontrados os restos,
fica-se por ali com a voz entalada entre a escolha da cor
das flores subjacentes à morte e o tipo de letra a gravar
nas chapas onde assinalamos que já nada havia que nos fizesse viver.
IFS

II- Mulheres no Mundo: Angola 

Contas feitas, no fim da guerra civil, dos 11 milhões de angolanos, 4 milhões e meio vivem hoje em Luanda, incluindo as mulheres que antigamente se ocupavam do campo e da agricultura. Em Luanda, as antigas camponesas e pastoras dedicam-se hoje ao comércio, negoceiam no mercado negro, são operadoras de uma bolsa muito rudimentar que transacciona nas ruas, fazem de tudo para arranjar um pouco de água e luz.
Dada a escassez de homens, as mulheres representam a maioria dos estudantes universitários, são professoras, até ministras e prolifera a poligamia. Seja em Moçambique, situação retratada pela escritora moçambicana Paulina Chiziane, ou em Cabo-Verde. Ou na Guiné, onde a poligamia radicada na religião muçulmana, a mais difundida, é mesmo acolhida no sistema legal.
A poligamia atravessa todas as classes sociais e torna-se mais difícil de suportar por mulheres instruídas, mais conscientes da submissão e de que há uma sociedade por mudar. Em Angola, fala-se de uma Luanda 1,2 e 3 para enumerar as mulheres de um só que homem. Casas onde a mulher é o principal, senão único, sustento dos filhos visto que para os homens, só um número entre 10 a 20 filhos, assegura um estatuto social invejável.
A gravidez precoce, ou seja, na adolescência, está seriamente difundida. Num programa da televisão angolana debateu-se a questão, com o seguinte chavão: " ela engravidou-se", problema e responsabilidade que, logo aí se vê, é da mulher.
É do último livro de (Ana) Paula Tavares, poetisa angolana, que transcrevo um poema cujo imaginário gira sobretudo, como sempre, em volta desta mulher que fica e do homem que parte, que nunca regressa ou que regressa outro, das cicatrizes da guerra e das perdas: "Esperei-te do nascer ao pôr do sol
e não vinhas, amado.
Mudaram de cor as tranças do meu cabelo
E não vinhas, amado.
Limpei a casa, o cercado
Fui enchendo de milho o silo maior do terreiro
Balancei ao vento a cabaça da manteiga
E não vinhas, amado.
Chamei os bois pelo nome
Todos me responderam, amado.
Só a tua voz se perdeu, amado,
Para lá da curva do rio
Depois da montanha sagrada
Entre os lagos".

CMC

Comunicação social 

Casos recentes como o da Casa Pia (cuja extinção foi sugerida pelo insuspeito António Barreto) ou o do suposto favorecimento pelo Governo à cooperativa gestora da Universidade Lusíada e agora transformada em fundação, sem que o Código Cooperativo preveja aquela figura, permitiram que se colocasse o dedo na ferida quanto ao mérito ou desmérito da comunicação social na denúncia de situações sócio-politico-culturais muitas vezes chocantes, algumas das quais se verificam ao longo de anos, sendo mesmo de conhecimento para-público. A questão que se coloca é se se deve elogiar o actual papel da comunicação social (que só os estados democráticos permitem), sobretudo da imprensa escrita e televisiva, quando traz à baila, isto é, às primeiras páginas dos jornais ou aos primeiros minutos dos telejornais, situações que envolvem práticas ilegais, criminosas, seja contra a determinação social, seja contra a honra, seja contra a integridade física, seja, enfim, contra o património. Ou, pelo contrário, deve a comunicação social ser condenada pela exploração que faz dessas e doutras situações, exploração essa sobretudo com aproveitamento económico, na dependência de shares televisivos ou de vendas de jornais.
A propósito, importa citar Mário Vargas Llosa, para quem «a abertura informativa é um facto político da maior importância, mas é também uma fenómeno cultural. Porque a revolução tecnológica no domínio das comunicações, para além de ampliar o poder e a vigência da liberdade, abre enormes possibilidades, sem precedentes na história, para difusão das ideias, da literatura, da ciência e das artes, isto é, para democratizar a cultura (...). É verdade que os grandes meios de comunicação audiovisual nem sempre assumem com a criatividade e o rigor devidos esse poder hipnótico que exercem sobre as suas enormes audiências, e que a maioria dos programas mais populares dificilmente pode ser qualificada como cultural. (...) Se a televisão e a Internet, em vez de enriquecerem a imaginação, o conhecimento e a sensibilidade, servem com frequência apenas para alimentar os apetites mais grosseiros e vulgares, é porque o público a quem se dirigem carece daquele mínimo de refinamento espiritual e estético que o deveria levar a rejeitar esses produtos repugnantes e a exigir melhores programas, de maior qualidade. Em todo o caso, o instrumento aí está, e de nós depende que os seus conteúdos melhorem e sirvam para nos enriquecer intelectual e civicamente, em vez de nos atrofiarem o espírito e o submergirem naquilo a que Flaubert chamava ideias recebidas, isto é, estereótipos e preconceitos.»
Convém acrescentar às considerações de Vargas Llosa que, por um lado, a referência a «produtos repugnantes» deve ser entendida genericamente, o que engloba alguma comunicação social, ou alguns elementos constitutivos da comunicação social. Por outro lado, a exigência de «melhores programas» deve ser também a exigência de melhor informação, sem que extensão ou quantidade implique qualidade (a recomendação vai, de resto, no sentido de limitar, por exemplo, a duração dos telejornais em cerca de trinta minutos). Finalmente, o escritor realça o papel da informação ao afirmar que os conteúdos devem servir «para nos enriquecer intelectual e civicamente», isto é, reclama da informação, mas também, em concreto, da comunicação social, o papel de grande zona de saber, de conteúdos, de área de aprendizagem. Vargas Llosa levanta implicitamente outra questão, que é, analogicamente, a de saber quem surge primeiro: o ovo ou a galinha? Por outras palavras, como saber se primeiro surge o interesse do público (que se confunde frequentemente com o interesse popular) pela informação/desinformação, a que a comunicação social tenta dar resposta; ou se primeiro surge, enquanto procura de espaço público cimeiro, no sentido de espaço televisivo, jornalístico ou de mero entretenimento, a oferta da comunicação social, a que o público adere por impossibilidade de obter outra informação.
Como refere Vargas Llosa, «o instrumento aí está». Resta, sobretudo, que a informação em geral e a comunicação social em particular não seja um fim em si mesmo, mas um meio ao serviço do público.
HR

Elephant 

Ontem, ao fim da tarde, fiz-me às estradas de Lisboa em direcção a uma consulta médica. Do Chiado a Telheiras demorei mais de uma hora, o que não teria sido assim tão penoso se não estivesse a arder em febre e dores de cabeça. Há sempre várias alternativas para nos entretermos no trânsito: ouvir música, se a dor de cabeça permitir que o rádio esteja num volume acima do 2 lá no conta-décibeis inventado pela empresa que fabrica os rádios acopulados aos automóveis; cantar, se a dor de cabeça permitir que o rádio esteja num volume acima do 2 lá no conta-décibeis inventado pela empresa que fabrica os rádios acopulados aos automóveis, de modo a que a voz do/a cantor/a se sobreponha à nossa; tirar apontamentos das ideias que nos surgem a partir da observação dos outros condutores que se entretêm a fazer aquilo que as dores de cabeça não nos permitem a nós fazer, se a febre não nos toldar o raciocínio e travar a articulação das palavras; telefonar ou mandar mensagens escritas a alguém, se os polícias, em vez de contribuírem para a fluidez do trânsito, não andarem a passar multas a quem está parado dentro do carro com o telemóvel nas mãos; olhar em volta, se as luzes natalícias não perfurarem, como toda a sua potência, a zona afectada pelas dores de cabeça. Preenchendo todos os impedimentos e sem conseguir congeminar mais nenhuma hipótese, acho que cheguei a sentir desespero, um desespero dramático, muito próximo do «odeio Lisboa, vou viver para o campo, dedicar-me à jardinagem e à agricultura biológica». E ainda ia no adro a procissão... Chegada ao Eixo Norte-Sul, lembrei-me de que tinha que virar na saída para Telheiras. Tinham-se formado, clandestinamente, quatro filas, nessa saída. Eu, que não distinguia um ângulo recto de um ângulo agudo, estava na segunda fila a contar da esquerda, sendo que deveria estar na única que andava - a da direita. Vai daí, como todos os condutores que desejam mudar de fila, fiz pisca, na esperança de que, no meio daquele caos, alguém tivesse acabado de sair da «Habitat» do Colombo e os cânticos natalícios que, «gentilmente fornecidos pela Fnac», tocam na loja, acompanhando os consumidores nas suas demandas consumistas, ainda ressoassem com tal força na mente e no coração de uma qualquer criatura ali perdida que lhe fosse irresistível a prática de um acto caridoso: deixar-me passar duas filas para a direita. Eis senão quando, na faixa do meu lado direito, um homem, num jipe enorme, abranda. Eu, como é óbvio, desloco-me para a direita. Mas não, não estava perante uma alma simples e caridosa, cheia de boas intenções. Era mais um diabinho saído desse inferno que está delas cheio. O senhor do jipe, aliás, o GAJO do jipe, afastou o seu enorme automóvel para a faixa mais à direita, a tal que seria a minha meta, e veio contra o meu pequeno carrinho. Foi de tal forma deliberado este acto que o retrovisor do lado em que me bateu, em vez de se virar para o lado de fora, como seria normal se este tivesse sido um choque normal, ficou recolhido, como se eu tivesse acabado de estacionar o carro no Bairro Alto e, não querendo ficar sem retrovisor, cautelosamente o tivesse recolhido. Mandou-me parar. Saiu do carro. Eu abri a janela, mais para lá do que para cá e sem pachorra para insultos, até porque dificilmente os ouvia - naquele momento, a febre já me afectava todos os sentidos. «Se fosses gajo, partia-te essa tromba toda!» + «Eu quero ver que estragos fizeste no meu carro, ó minha cabra estúpida!» + «Eu detesto pessoas que têm a mania que são mais espertas do que as outras! DETESTO! Ouviste?» + «O que é que fizeste ao meu carro, minha estúpida?». Pois é, mas o milagre aconteceu: aqui a estúpida não fez nada ao enorme jipe do senhor que mais parecia um touro enraivecido. Saiu-lhe o tiro pela culatra. Milhares de carros buzinavam atrás de nós, ali parados, numa saída do Eixo Norte-Sul. Eu não me dei ao trabalho de sair do carro. Espreitei, na medida das minhas possibilidades e das possibilidades do meu medo. Balbuciei umas coisas ao ritmo dos insultos dele, coisas parecidas com «calma, dores de cabeça, outra faixa, má fé, pois, não», palavras assim. Depois de ele ter regressado ao enorme jipe, eu segui para onde pude e dei por mim no parque de estacionamento do Carrefour, ao lado de um Fiat Uno branco de mil novecentos e troca-o-passo, onde um rapaz, completamente indiferente aos movimentos exteriores, queimava qualquer coisa. Avancei para o lugar da frente e tive pena do maluco do enorme jipe. Provavelmente foi maltratado durante toda a idade escolar. Não devia ser muito inteligente, nem bom com as palavras. Nem sequer devia ser bom a desporto (apesar de toda aquela corpulência) porque não se dava bem com os colegas de equipa. E quanto aos problemas com as miúdas... Que tipo de sensibilidade pode ter uma pessoa que não se comove com um olhar pálido e indefeso no meio do trânsito?! Ou mesmo, porque tenho que admitir as duas hipóteses, com aquilo que lhe poderia ter parecido uma loura burra no meio do trânsito?! Enfim, comprou um enorme jipe, ao qual acrescentou as maiores rodas disponíveis no mercado e no qual armazena todas as armas que até hoje conseguiu comprar pela internet. E ainda uma playstation para brincar com a morte sempre que chega a casa depois de assustar donzelas em perigo.
Perdi a consulta no médico. Liguei para o de família: «meio Lexotan, vitamina C e aspirinas.» Reitero - assim seja feito: a mais e a menos. IFS

quinta-feira, dezembro 11, 2003

Vermelho 

O termómetro acusa febre. Curo-me com Vermelho, de Mafalda Ivo Cruz. São raros os dias em que a única coisa que consigo fazer é ler um romance. Como se o desperdício de tempo pudesse ser justificado por frases como estas:
«Mesmo a morte não chega a resolver nada de concreto. Mais tarde, com o tarde da experiência, com o cedo da solidão começamos a perceber a morte não como um fim, mas como uma longa separação que nunca acaba. E é nesse lento progresso que se torna a nossa vida, quando encolhemos os ombros a dizer que está longe, está mais longe e no entanto não acabou. Há uma substância, uma matéria do estreitar que fica ali, como o sol, como o frio, como as árvores.» (p. 178)
«Há qualquer coisa que nunca hei-de conseguir compreender no amor que é tanto da ordem da nostalgia sem objecto como da bestialidade. Sim, a utopia do desejo.» (p. 135)
«O que me fazia chorar era a tal nostalgia estranha que parecia ter nascido comigo como um veneno, e naquele momento talvez misturasse Deus com Tchaikovski e com as noivas defuntas. O disco parou no prato. A agulha voltou a subir com um estalido.» (p.137)
E o meu termómetro voltou a desejar febre para eu ter tempo para pouco mais do que isto. IFS

quarta-feira, dezembro 10, 2003

H 

Ontem, alguém por quem sinto certa inclinação despediu-se de mim tratando-me por "menino".

Já explico isso da inclinação; quanto a "menino", não sabia bem do que se tratava. Procurei ilustrar-me, como é evidente.

O que logo me veio à mão foi o Roquete, mais o seu "Diccionario dos Synonimos" de 1848, que tenho aqui para vos mostrar:

"«Menino» é o indivíduo da especie humana que está na meninice. A meninice (ao contrário da «infância») refere-se sempre à parte intellectual, e nunca á physica; é extensa, e pode comprehender toda a parte da vida do homem em que não estão desinvolvidas suas faculdades intellectuaes. O homem é «menino» até que por si proprio se forma um systema de conceber e de executar, e em quanto não chega este caso permanece na meninice".

Bem, bem. Assim excluído do conjunto desses não-meninos que sempre se regem por um "systema", não pude eu deixar de sentir-me muitíssimo elogiado.

Reforçou-se-me, aliás, aquela inclinação de que vos falei na primeira linha. É que também julgo ter surpreendido, nesse alguém que é destinatário de minha inclinação, um gosto menino pelo cafuné (nos três sentidos, incluindo o etimológico. . .), apenas muito disfarçado por trás de uma mascarilha adulta.

Na nossas vidas vai-se transitando para a idade adulta muito imperceptivelmente. É como se fossem tomando forma atmosférica, uma a uma, pequeninas gotas de uma ténue adolescência a que se não vai prestando qualquer atenção. Quando a final se olha derredor cerca-nos já a neblina cerrada de ser-se inelutavelmente um adulto.

Esse estatuto de "adulto" inclui, entre outras cláusulas não menos graves, as ridículas e obrigatórias pressas do quotidiano que logo implicam o adiamento das inclinações, e mesmo, ao fim de alguns anos, a caducidade das almas desusadas.

Num "menino", pelo contrário, a alma é livre de ter pressa, uma pressa impacientíssima e capaz de sobrepujar as obrigações horárias do "systema" de horas marcadas e preenchidas por que se regem os adultos.

Talvez minha inclinação seja muito de "menino", mas aconteceu-me invulgarmente. Talvez também seja meninice sentir saudades de alguém que conheci não há uma semana (e com quem estive, assim por junto, meia dúzia de horas frágeis). E pode essa meninice, assim à vista desarmada, confundir-se com alguma ingenuidade, ou mesmo com um princípio de loucura. Mas na correria da meninice não tem de haver rigor, e as coisas podem dizer-se muito depressa.

Para mais, farão os leitores a fineza de reparar que "adulto" é o particípio irregular do verbo "adolescer", particípio que foi desaguar no nosso comum substantivo por via somente de derivação muito imprópria. Assim, irregular e sem propriedade, "adulto" é um substantivo de genealogia esqualidíssima.

Já quanto a "menino", é certo que se não conhece perfeitamente a sua etimologia; mas mestre Cândido de Figueiredo não exclui que provenha de "mi niño". O que é bonito e, quem dera, pressagioso. LDA

À MANEIRA DE UN RITORNO D'ULISSE IN PATRIA 

Não, não é preciso mandarem matar o vitelo gordo.

Lembrete: O Bernardo e o Ricardo são-me devedores de vir cobrar-me o jantar que lhes devo eu. LDA

terça-feira, dezembro 09, 2003

Eles andam aí 

Chegaram os graus negativos, para acompanhar as noites pré-natalícias. É o período menos sexy do ano, em que homens feitos mostram sem pudor as suas imprescindíveis ceroulas brancas. Em que velhos sábios nos ensinam a teoria da cebola, aplicada às camadas de roupa necessárias para transpor a porta de casa. Mas também a época do ano em que muitas vezes o sol nos aconchega as manhãs. É verdade, já não chove desde meados de Novembro, o que sempre me fez apreciar esta época. Reminiscências da altura em que aterrei aqui, há uns anos. REC


Rectificação delgada 

Referi mais abaixo que Luís Delgado é o grande ideólogo da direita portuguesa. Pretendo rectificar.
Luís Delgado é o pequeno grande ideólogo da pequena grande direita portuguesa e da grande direita norte-americana, a que alguns chamam de extrema-direita.
Como pequeno grande ideólogo da nossa pequena grande direita, Delgado não perde tempo a arrasar a pequena grande esquerda portuguesa (para mim, hoje é tudo pequeno grande), e fá-lo com eloquente mestria, diariamente no DN e frequentemente na Sic-Notícias. Ainda com grande mestria, Delgado enaltece a direita portuguesa e lamenta não ter jantado perú com George W. Bush, presidente que este pequeno grande português muito preza, para além de todos os seus súbditos falcões, que decerto se atiram aos perus como aves de rapina. Onde se lê "perus" também se pode ler "petróleo" ou "petróleo no Iraque".
É por isso que o "W." de George Bush significa: "Whoa!, I sure like that Delgado guy! He should be Portugal´s Prime-Minister." Em boa hora George Bush abreviou o seu nome do meio.
Como se não bastasse, Delgado entende na perfeição o mundo financeiro internacional, a partir de Nova Iorque, e diverte-se a baralhar os seus leitores, quando escreve sobre grandes empresas portuguesas e estrangeiras e seus dirigentes, utilizando siglas como CEO ou CGO.
Como diria George W. (já sabem o que significa) Bush no seu inglês vernáculo, Delgado é um must.
HR

200 e tal mil 

Sim, meu caro Bernardo, somos 200 e tal mil pessoas. Há alguns anos atrás, cabíamos em dois estádios da Luz com terceiro anel. Visto nestes termos, é pouca coisa.
Daí até nos conhecermos todos, como disse na Sic-Notícias o grande ideólogo da direita portuguesa (Luís Delgado), vai um grande passo.
Eu, por exemplo, conheço uma pessoa do Corvo, duas das Flores, quatro da Graciosa, 5 do Pico, 10 de S. Jorge, 25 de S. Miguel, 67 do Faial, 1326 da Terceira e nenhuma de Santa Maria. E pouco mais.
HR

MUITO PIROSO 

«Vamos fazer do Benfica o maior clube do mundo.»

Luís Filipe Vieira

HR

PIROSO 

Vamos fazer do Benfica o maior clube do mundo.

HR

NÃO PIROSO 

«Hearts + Flowers
A picture of what a love should be»

Lamb (Lou Robinson/Andy Barlow)

HR

PIROSO 

Hearts + Flowers
A picture of what a love should be

HR

NÃO PIROSO 

«Haja o que houver há sempre
um homem
para uma mulher
E há de sempre haver para esquecer
um falso amor
E uma vontade de morrer
Seja como for há de vencer o
grande amor,
Que há de ser no coração
Como um perdão para quem chorou»

António Carlos Jobim e Vinicius de Moraes

HR

PIROSO 

Haja o que houver há sempre
um homem
para uma mulher
E há de sempre haver para esquecer
um falso amor
E uma vontade de morrer
Seja como for há de vencer o
grande amor,
Que há de ser no coração
Como um perdão para quem chorou

HR

Por aí, entre um pedaço de hamburgo ...  

Regressado de fresco de vários dias de viagem, a dar abraços a amigos espalhados pela Europa fora, volto a sentir o prazer de me sentar com os olhos à frente do computador, a ler a evolução do mundo via blogolândia. Aproveitei a profusão de companhias aéreas alemãs, envolvidas numa luta de preços que envergonham os bilhetes da viagem ferroviária lisboa-porto, e comecei por visitar o norte alemão, com paragem em Hamburgo, a cidade mais portuguesa da Alemanha. Constatei com orgulho que a bica e o pastel de nata nas muitas pastelarias “Maria”, “Trás-os-Montes” e “Lusitânia” estão a dar que falar na cena dos jovens criativos hamburgueses. O que para uns constitui uma experiência exótica e reveladora do espírito multicultural, foi para mim a reconciliação das papilas gustativas com os sabores mais tradicionais da minha terra (pois, pois, os obrigatórios saudosismos dos exilados). Acabei por não conseguir concretizar o sonho de ver um jogo do clube mais carismático da Alemanha, o FC St. Pauli, que tem fortes tradições no meio anarco-punk-esquerda chic da cidade. Com um presidente conhecido pela sua carreira como travesti nos cabarés mais famosos da cidade, o clube luta por preservar o seu carácter idealista no duro mundo do futebol profissional. Actualmente está na terceira divisão, mas ainda há 3 anos atrás, tinha conseguido subir à primeira onde chegou a ganhar ao poderoso Bayern de Munique, facto que permitiu a muita gente sonhar que um mundo melhor era possível. Mas os jogos estão sempre esgotados e parece que o mito, iniciado nos anos 80 durante as lutas entre ocupantes de casas e a polícia no bairro homónimo, ainda continua a seduzir. Mas ao observar os espectadores, todos vestidos a preceito com as t-shirts pretas com uma caveira, também é evidente que esta coisa dos mitos acaba sempre por atrair muitos seguidores da moda. REC

... e uma pitada de barcelona 

Continuei para Barcelona, para festejar os anos de um grande amigo lisboeta que acabou de se mudar para lá. Por trás da Plaça Reial, mesmo no coração da parte antiga da cidade, vivi a sequela do filme “Albergue Espanhol”, num grande apartamento partilhado por várias nações, mesmo ao lado do prédio onde nasceu Joan Miró. Fui descobrindo aos poucos a cidade, engolido pelas vielas do Bairro Gótico, saboreando as cores dos mercados, dobrando esquinas escuras para encontrar pracetas cheias dos gritos de miúdos com as camisolas do Saviola a fazer malabarismos com a bola. Barcelona é intensa, rápida, cheia, as pessoas berram, não falam, e apenas já de madrugada se consegue ouvir os próprios passos no regresso a casa. Muita se fala dos “nossos irmãos”, mas a verdade é que o espanhol (ou catalão) pouco tem de semelhante com o português. A expansividade de uns contrapõe-se a uma introversão e calma de outros. Assim, Barcelona impede um certo recolhimento, não é cidade para apreciar em longos passeios bucólicos com as mãos atrás das costas. Pelo contrário, partilha connosco a sua energia, a sua vivacidade. Ao pé do antigo bairro de pescadores Barceloneta, apreciei voltar a ver o mar e lá em cima, em Montjuic, o burburinho da cidade. Vi homens-estátua, vendedores de passarinhos nas ruas, muitos turistas, o palácio da música catalã, gaudísmos e modernismos, o cortejo fúnebre do copito de nieve, grupos de alternativos esquerdistas a engolir fogo, casas milà, ouvi os sons catalães, pablo casals, e deixei-me ir, segui a multidão, a falar alto.... REC

segunda-feira, dezembro 08, 2003

Olha, Daisy... 

- Mas, afinal, o que é que a Avó tem?
- Está doente, minha querida, são os anos.
- Raios partam o tempo e quem lá ande! IFS

Balanço 

Durante os sessenta minutos em que estive, durante a semana passada, sentada em frente à televisão foram-me fornecidas as mais preciosas informações. Estou grata por esses momentos. E, por isso, aqui fica a amostra do tecido informativo português:
- «Humanos são quimicamente dependentes do amor», em rodapé durante o telejornal da SIC;
- «Se não tivesse nascido homem, queria ter sido bola.», Pélé, em entrevista a Judite de Sousa no canal 1 ou coisa que o valha;
- «MDMA é uma fantasia ao quadrado», frequentador de uma qualquer discoteca do Norte do país, entrevistado para o programa Dance TV, na SIC Radical;
- «A equipa sabe que vai ter que ganhar e, para ganhar, vai ter que recuperar a bola nem que coma a relva.», Fernando Santos, prestando declarações à NTV (ou RTP) antes de um jogo qualquer. IFS



mad about mari(o) 

Este fim-de-semana, olhando episodicamente a televisão ao longo dos três dias, acabava por ouvir sempre a mesma expressão e ver a mesma cara distorcida. No meio da tragédia, da violência, da incredulidade, não conseguia evitar o sorriso nervoso quando alguém dizia, do outro lado, "é um costume, os açorianos são doidos por orgias...". A frase, no contexto em que é dita, com o desalento, o sotaque, o destino que carrega, é a mais violenta que tenho ouvido nos últimos tempos. Não é o céu que lhes cai na cabeça, é o mundo que se lhes parte debaixo dos pés. "Os açorianos são doidos por orgias" - queria fazer a piada, mas não consigo. Agora, treme-me um bocadinho a mão e a boca. Mais tarde, talvez. MR

domingo, dezembro 07, 2003

descoberta feliz 

sou um grande fã do jovem João Pereira, do Benfica. É o único futebolista de um grande que ganha menos do que eu. LFB

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