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sexta-feira, dezembro 19, 2003

Gosto muito, gosto 

Gosto do blog ONDAS (logo que me ensinem a remeter para lá, venho aqui corrigir a ignorância). É um blog despretensioso que se lê com o mesmo prazer com que é escrito porque o surf ocupa ali o mesmo lugar que o Silêncio ocupa na Literatura. É para lá que, enquanto força mítica e centrípeta, tudo tende. Só por isso a palavra surf merecia ser grafada com maiúscula - Surf, o conceito. Um conceito que se declina em experiências tão reais quanto indizíveis, das quais sinto uma saudável inveja por nunca ter aprendido a perder o medo das ondas grandes. E «o prazer das ondas, como o prazer do amor, é eterno porque é sem palavras...» Pedro Arruda dixit.
É com o que se escreve neste blog que, se pudesse, eu queria casar. IFS

Ainda Vermelho 

Numa época em que a abundância parece ser tanta, alguns seres sensíveis, que, no cumprimento de uma vida normal, são obrigados a abandonar reiteradamente o leito, sentem-se mal, esvaziados de substância, sem forças nem vontades. A verdade é que os dias curtos e cinzentos sugerem o ocaso da vida e, como num poema que andei obcecadamente a comentar ao longo de um dia, «anoitece em todas as cidades do mundo». Em simultâneo. Como se pudéssemos ignorar o tempo. Resta-nos o sono e o sonho. E foi num destes que a história de Vermelho se viu reescrita. Ao contrário da poesia, a ficção não costuma ressoar por mais de uma semana em mim. Mas Vermelho confirmou algumas ocorrências poéticas. Tenho chegado à conclusão de que não há escritor que não sofra a tirania da insuficiência das palavras, o que mais facilmente se traduziria pela seguinte imagem de Philippe Jacottet: «a palavra sangue não sangra». Em Vermelho, Mafalda Ivo Cruz dá-nos habilmente conta disso (este é um dos temas em que o livro se pode desdobrar), e é entre a morte e o amor que Tito, a voz principal, se queixa: «O que é o Thanatos? Como se fosse possível decompor em palavras as sombras. Quando as palavras - não abrem, não rasgam, não matam, não mostram o sangue e a sujidade repulsiva que são um bem, penso eu.»
E eu penso que voa lentamente por ali uma borboleta capaz de asfixiar pescoços e de fazer as suas vítimas. É uma borboleta que sangra. IFS

quinta-feira, dezembro 18, 2003

interrupção voluntária do pudor 

Não deixa de ser interessante que os partidos que violentamente se bateram, por duas vezes (1982 e 1997), pela consideração do aborto como crime, punido com pena de prisão, venham agora, impudicamente, dizer que já não é bem assim, que, pois, daqui por dois anos, até se podia mudar, etc. e tal.
Estes partidos não se preocupam também com a maior "vergonha" do sistema judiciário português: toda a gente sabe que existem dezenas de milhar de "criminosas" e "criminosos" à solta, que praticam o crime de aborto, o tal do artigo 140.º do Código Penal, punido com pena até 8 anos de prisão, todos os anos, e que faz a Polícia Judiciária, que faz o Ministério Público? Nada. Meia dúzia de julgamentos mediáticos, para dezenas de milhar de "crimes". É o maior escândalo da investigação criminal portuguesa, é a impunidade total. Se eu fosse procurador ou juiz, começava a prender todos estes criminosos - ou seja, a levar a sério a lei, a mesma com que alguns partidos gostam de brincar aos puritanos retóricos e beatos. Podia ser que assim a lei fosse mudada mais depressa. E, ao mesmo tempo, podia sempre criminalizar-se a demagogia barata, para que o artigo 140 não ficasse em branco - afinal, esta, também é um crime contra a vida. Ou pelo menos contra a vida que eu quero levar. MR

terça-feira, dezembro 16, 2003

«WE GOT HIM»? 

Podemo-nos regozijar pela captura do antigo (ou actual, à luz de um direito internacional que parece não existir) presidente do Iraque, Saddam Hussein, mas só levianamente a devemos festejar. Ouço Paul Bremer, administrador do Iraque, imposto pelos norte-americanos, proclamar «Ladies and gentleman, we got him» e questiono-me se este senhor, ou o país que ele representa, crê firmemente que a captura de Saddam (ditador odioso, de resto) significa que, de ora em diante, a paz reinará na região do Tigre e do Eufrates e, mais amplamente, no mundo, ou no mundo ocidental considerado como alvo privilegiado de atentados terroristas. Acreditará Bremer, acreditará George W. Bush, acreditarão os norte-americanos acreditaremos todos nós, agora que o rei posto está quase morto (e Bush, qual governador do Estado do Texas, é claramente a favor da aplicação de uma pena de morte a Saddam, sem que tenha sequer havido julgamento), que o mundo é um lugar melhor para se viver? Que acabou o terrorismo? Que a invasão ao Iraque se encontra, finalmente, justificada?
Não nos enganemos. Não nos enganemos, muito menos, com o ar vitorioso de Paulo Portas e de Durão Barroso, quando anunciam ao país, quais líderes de uma grande potência mundial, na esteira de Bush, Blair ou mesmo Aznar, que o ditador foi capturado.
Não me entendam mal: ainda bem que Saddam foi capturado. Preferia, contudo, que tivessem vindo dizer que foram encontradas armas químicas, biológicas ou de destruição maciça (pouco provável nesta altura do campeonato), explicando que tudo tem uma justificação não diria clara, mas legítima, legal, que não a mera busca de petróleo ou o controlo de uma região estratégica. Que tudo, enfim, se justifica, vá lá, à luz dos princípios orientadores do direito natural e da justiça universal, e não de regras impostas pela lei do mais forte (o pleonasmo é intencional).
Que venha, então, a justiça dos vencedores, que curiosamente não somos todos nós.
HR

um homem do Norte 

Ricardo, um sincero obrigado pelo teu texto. Foste lúcido, categórico, elegante, e posso discutir contigo apenas um ponto. Quando brinco com o meu rangelismo, e escrevo "quero atrair leitores", não pretendo dizer - exactamente - que os queira agradar. Sabes bem que tenho enchido chouriços com uma certa frequência aqui no DC, que editei um livro de poesia (poesia) do qual não recebo um tusto, e que ironizo amiúde sobre mim próprio. Quero atrair leitores sim, mas apenas na base que nós os 14 temos construído desde há muito. E todos somos sagazes o suficiente para perceber que um blog com tamanha dispersão nunca poderá passar de um certo nível (que muito agradável tem sido). Sei bem que o "gozo" de ser o mais visitado nunca acontecerá. E, mesmo sucedendo, não seria propriamente um gozo no sentido brasileiro do termo. Para atrair leitores ou fãs, pura e simplesmente, criava o meu próprio blog e tentava a sorte tout court. E isso não quero. O gozo verdadeiro é o que esta equipa de amigos - em bom número aglomerados por mim - me dá. E a muitos "casadoiros", estou certo. Nomeadamente o de ler os nossos milhares de posts, desde o primeiro, sem perder um único. Aquele abraço, LFB

causa nossa, indeed 

Enquanto não se via o cucuruto e os caninos de Saddam, boa parte da blogosfera entreteve-se a arrasar a chegada, aparentemente ignominiosa, deste blog. O meu amigo Luís Osório e os seus companheiros, por certo, serão os primeiros a reconhecer que ainda não demonstraram cabalmente a verve que do grupo se espera - mas, curioso facto, não é a discussão à volta da qualidade do dito cujo propriamente dito que entretém largo número de bloggers.
Não. "Causa nossa" tornou-se o lema de muitos, para quem o blog homónimo parece ser uma besta negra, absolutamente indesejada no nosso seio.
Sejamos francos, caríssimos. A febre blogueira já deu o que tinha a dar. O interesse dos media desapareceu, as audiências médias baixam a olhos vistos - fica o quê? Tudo o que isto tem de bom desde o princípio. Para não ser fastidioso, destaco apenas a principal das qualidades: liberdade. De se entrar na blogolândia; de nos posicionarmos, ou não; de - inapelavelmente - entrar para a mesma linha horizontal em que todos nos encontramos.
Não surpreende por aí além mas não deixa de ser interessante constatar que muitos se comportam como cães assustados com a capacidade mictória que outra matilha demonstra junto do poste eléctrico preferido. "Eles são o blog cómico do ano; eles não pertencem aqui; eles deviam ter vergonha", escuta-se por aí, nas paredes virtuais do nosso mundo de faz-de-conta. E à credibilidade e mais valia que este blog (que se posiciona ao nosso lado, aberto ao debate, com endereços pessoais disponíveis e vontade de participar nas discussões deste mundo revolucionário) pode vir a trazer a toda a blogosfera dizemos nada.
Grande parte da blogosfera parece-se cada vez mais com velhos hippies, nostálgicos de Woodstock, que ainda correm os concertos todos dos Grateful Dead apesar do cheiro a formol e das barbas que assustam crianças e colegas de trabalho. Tudo isto no fito de esquecer que os anos passaram e "amor e uma cabana" já só se encontra nas canções de Chiquita. Já repararam como o cinismo faz com que a escrita de gente nos vinte e tais pareça a de cavalheiros de meia-idade? Envelhece-se tão depressa, hoje em dia. LFB

actually, Joel 

Penso que exageraste em muitos pontos do teu texto sobre "Love Actually". Não irei tão longe como o Nuno Markl ou Rui Pedro Tendinha, que o consideram uma das melhores comédias de sempre, mas é preciso uma boa dose de má vontade para não reconhecer rasgo na história dos dois stand-in's do filme erótico, na personagem de rocker frustrado composta por Bill Nighy ou na cena em que o presumível gay se declara em silêncio à mulher do melhor amigo.
Richard Curtis, na minha opinião, é um brilhante escritor de comédias românticas e se - no caso concreto - não consegue um filme magistral, que se lhe reconheça o mérito da inovação: 30 minutos a mais do que a duração normal deste género cinematográfico; o esquema à la Altman que, se não é novo, é pelo menos bastante ousado no que diz respeito a estas comédias, e um bom número de one-liners hilariantes. Lembras-te do velho rocker, quando regressa - surpreendentemente sensível - para o seu manager, vindo de uma festa em casa de Elton John, e este pergunta: "10 minutos com o Elton e já és gay?!".
Quanto à Lúcia Moniz, admito que soa estranho ouvir deixas em português no meio de diálogos em inglês. Como seria bizarro ouvir-se hebraico no meio de um discurso em latim, ou escutar Madredeus no intervalo de Strokes. Mas julgo que é apenas isso. A Lúcia, a meu ver, não vai nem melhor nem pior que ninguém. Vai bem, atendendo a que mais não lhe era pedido. Como calculas, apesar de todo o star system inglês, a fabulosa americana Laura Linney, e o prodígio Rodrigo Santoro (um daqueles actores notáveis que vai sofrer por ser bonito - ver "Abril Despedaçado"), é óbvio que nenhum destes actores será galardoado com prémios de interpretação por esta película.
Parece-me ainda que o filme não caracteriza de forma terceiro-mundista Portugal e os portugueses. Portugal só lá está enquanto país representado por uma actriz com uma excelente qualidade de girl next door e por um número pequeno de personagens que representam emigrantes em França. Sabemos bem - sem ofensa - que estes não são propriamente conhecidos pela sua argúcia nas artes da economia e no mundo da alta finança.
Anacronismo grave, esse sim, é aquele de nos porem a dar beijos na boca uns dos outros. Mas, caramba, valha-nos o momento hilariante em que o Hélder Costa dá um chocho ao Colin Firth. Desde o Howard Carter que não se via um inglês tão fascinado por uma múmia. LFB

A Llansol explica e recapitula 

«Eu sei, (...), que a altura da montanha está na base
Do teu sonho. Vou pôr as coisas de outro modo. Paredes
Diferentes relacionam-se se um fluxo de cor ininterrupto
For substrato___sim ou cin ou robialaque. Mas se surgir
Mancha ou obstáculo, é de esperar que o lavável se não
Descolore. Importantíssimo, basta o descolorido para se
Ver a dor que a cor esconde nas paredes. Razão por que
À cin e à robialaque, prefiro sim. É outra atmosfera. Em
Qualquer muro, seja ele alma ou marca fabril, se açoita
Um animal inesperado por definir. "Atenção ao selvagem!",
Como dizes.» (M. G. Llansol)
IFS

segunda-feira, dezembro 15, 2003

natal violento 

Pedimos desculpa a Amélia dos Santos Carreira e Aristides Melo Nunes, os dois únicos leitores do DC que esperavam ler alguma coisa sobre Saddam Hussein neste blog. Ainda tenho de me pegar com outro amigo, o Joel, por ter chacinado o "Love Actually" (e, de passagem, a nossa conterrânea Lúcia Moniz); e - brevemente - provocar a ira de uns quantos para quem parece estar na moda bater no Luís Osório. Feliz Natal. LFB

bala perdida 

Fico à espera do post reflexivo do BR e do RIS sobre as vicissitudes do blogging. Só me parece, Bernardo, que não há necessidade nenhuma de usar a aparente eminência parda do jornalismo e metabloguismo português como referência. Se esse senhor for quem metade da blogosfera pensa que é, fica difícil compreender e aceitar como relevantes a opinião de um jornalista - espécie de enxerto de Margarida Rebelo Pinto com um par de testículos - que escreve numa revista dedicada ao entretenimento solitário de meninos queques que acabaram de destruir o jeep ao pai. Vocês, meus amigos, não são anónimos. Enquanto as opiniões deste "P.", a meu ver, têm a credibilidade que teria o Pe.Melícias, se fosse ele o autor do Meu Pipi. LFB

estamos entendidos, sim. 

Caro BR

ambos nos assumimos como os onanistas cá do burgo.

e ambos utilizamos o argumento escorreito e claro do: "faço o que muito bem me der na mona" - pelo que compreenderás se te respondo às críticas. Farfalhácia a mais ou a menos, a verdade é que "enfiei o barrete", sim senhor. Aliás, respeito muito a sabedoria popular e - para utilizar outra digna do género - quem não se sente, não é filho de boa gente.

Acho deselegante que te refiras à tua participação no "Livro Aberto" nesses termos. Parece que todo o blog te criticou. Não se tratou de uma polémica interna sequer, uma vez que não o debatemos aqui no DC, nem havia o que debater. Representaste muito bem o blog, sobretudo tendo em conta que foste convidado uma hora antes da gravação e mantiveste um registo digno de quem não ia ali para "as palhaçadas para agradar de que este país está cheio". No teu lugar teria sido mais chalaceiro mas não é novidade para ninguém que sou o Rangel cá do sítio. Quero atrair leitores.

APARTE

Aliás, e sem merdas: toda a gente que anda na bloga quer ser lida. E quanto mais lida, melhor. Simplesmente não faço segredo das minhas intenções a esse respeito. Dava-me muito gozo que este fosse o mais visitado de todos os blogs.

pergunta retórica para a blogolândia em geral: É assim tão incompreensível (ou difícil) assumir isto?

A terminar: respeito (acredita que é verdade) a tua posição césar-monteirista sobre o público. Mas então porquê publicar - in the first place - o mail do senhor Francesco? LFB

é o próprio 

Alguém acaba de chegar ao DC com uma busca no google por "luis+filipe+borges,+o+merdas". A precisão da internet não cessa de me espantar. LFB

domingo, dezembro 14, 2003

Há que citá-los 

Há uma palavra pessoa
Uma palavra pregada ao silêncio de dizer-se como nunca fora ouvida
E nela dizer-se posso existir.

DANIEL FARIA


Cedo receamos a felicidade daquelas imagens
que reencontramos dentro de nós
e não se ligam a nada.

JOSÉ TOLENTINO DE MENDONÇA
IFS

Há que dizê-lo 

Há que dizer o seguinte:
1. o DC é um blog colectivo, o que significa que a liberdade de cada uma das pessoas que aqui escreve não deve sobrepôr-se ao respeito tacitamente estabelecido entre essas mesmas pessoas;
2. as críticas devem ser bem recebidas quando se sabe quem as faz, de modo a não passarem por gratuitas e a permitirem uma resposta;
3. muitas vezes, quando se escreve na primeira pessoa (e quem não o sabe é que não devia escrever), não se está propriamente a narrar ipsis verbis um episódio que diz respeito ao eu que se expressa - de uma forma muito básica: quem conta um conto acrescenta um ponto e os blogs vivem essencialmente disso;
4. já o O'Neill, e repare-se que era o O'Neill, afirmava que a regra é a de cada um, o que é o mesmo que dizer que «critério» é sinónimo de «ponto de vista».

Há que dizer ainda o seguinte:
1. em relação ao ponto 1. acima referido, aconteceu o que não deveria ter acontecido;
2. em relação ao ponto 2. acima referido, aconteceu o que não deveria ter acontecido;
3. em relação ao ponto 3. acima referido, um bom exemplo para o que ali se diz é um dos posts criticados em que, mencionando a minha febre, me referi ao livro «Vermelho», de Mafalda Ivo Cruz: há meios que justificam os fins.

Que fique claro: não se enfia aqui nenhum barrete, mas, quando um mail que usa como exemplos posts concretos para construir a sua crítica, um mail enviado para o correio do DC, é revelado a todos os que visitam o blog (quer estes leiam tudo ou só o que lhes apetece; ao que me parece, ninguém aqui escreve em troca de uma esmolinha de atenção...), a eloquência que o silêncio poderia ter numa situação destas esvazia-se de sentido. IFS

title: new post 

quando é preciso recorrer às palavras
para dizer o que a mão diz quando não escreve
então as palavras são gestos a mais
que não fazem sentido

para quem me lê a mão e cala a boca. MR

arrebentaremos a boca a este gajo à hora que ele quiser 

ou
Onanismo - parte 3674

Quem vem aqui com uma certa regularidade já sabe que ando obcecado com o meu primeiro livro de poesia. Pois... é só para informar todos aqueles que não tiverem muito dinheiro para as últimas prendas de Natal que

"Mudaremos o Mundo depois das 3 da Manhã"

estará, enfim!, à venda - a partir de amanhã. Com destaque para uma significativa encomenda da FNAC que mudou radicalmente a minha impressão sobre o chauvinismo francês. E pronto! Calo-me com isto de uma vez por todas.LFB

onanismo, parte 2437 

Tenho o prazer de anunciar que o espectáculo "STAND-UP TRAGEDY", escrito por mim e pelo NCS, e com o Tiago Rodrigues na interpretação do ano, mereceu mais uma semana de exibição no Maria Matos. Acaba, assim, não este domingo mas sim no próximo, 21 de Dezembro.

espectáculos às 21h30 - na 4º, 5ª, 6ª e Sábado
e às 18h no Domingo.


Bilhetes grátis mediante concurso on-line - publicado no blog aqui do lado, primeiro da nossa lista de vizinhos. LFB

Deixo-vos com um post do TR,


Citação ou não

"Basta apenas uma mesma coisa para se ser um falhado ou um homem de sucesso: não ter medo do ridículo".

Ricardo Magalhães, humorista relutante

A oriente, tudo de novo 

Manuel António Pina e Álvaro Magalhães estiveram hoje no «Oriente», na SIC Notícias. Explorados (na medida em que os escritores o permitiram) os devidos universos - devidos e indevidos, que é como quem diz literários e pessoais -, ficou a ressoar no sítio onde algumas palavras sobrevivem o seguinte verso de Álvaro Magalhães: «A palavra solidão faz-me companhia.» IFS

metabloguismo 

6 meses depois - a primeira polémica interna a sério?

O Bernardo editou uma carta do leitor Francesco Louças (nome seguramente verdadeiro), e deixou alguns comentários que me levam a escrever sobre o assunto, na ansiedade de que - talvez - a minha resposta lance alguns casadoiros num debate interno.
Ora bem, edita BR a carta do leitor, uma crítica, e faz muito bem - as críticas são muitas vezes positivas e "Francesco", no caso, diz que falta critério ao DC. É, quase, a pura verdade.
Já o escrevi antes e continuo a achar que este blog construiu-se à volta de uma ideia fraterna de juntar amigos em redor da mesma mesa, e pela negação de alguns dos vectores aparentemente fundamentais a qualquer blog português digno de registo. A saber: o posicionamento ideológico, a discussão política, a busca pela polémica, entre outros.
A nossa riqueza sempre foi, a meu ver, a versatilidade das vozes que aqui se encontram - tão eficazmente ironizada pelo RIS, ainda há poucos dias, quando comparou o DC à "Torre de Babel", de Bruegel.
Acredito que, para quem cá chega, o DC funciona como, por exemplo, uma revista. O leitor pode escolher o que quiser nos items de um vasto menu: as opiniões do nosso opinionmaker de serviço, HR, as crónicas de costumes do LCA, os textos do nosso terno desterrado REC, a literatura quotidiana da IFS, etc.

Significa isto que a crítica que mais escutamos, não se consegue ler tudo, não faz qualquer sentido.

Não é obrigatório nem faz sentido ler tudo. Este não é um blog unipessoal. Os leitores lêem o que muito bem lhes apetecer. E dá-me ideia que (atendendo sobretudo à nossa caixa de correio), ao fim de 6 meses, muitos conseguem identificar os estilos pessoais de cada membro da equipa e escolher os seus preferidos. Julgo que é uma opção saudável e que só aumenta a boa competição interna: como somos muitos e todos queremos ser lidos, temos de nos esforçar.
O que me leva a outro ponto da carta de "Louças": basicamente, o de que não há coisas interessantes para partilhar todos os dias. Não há. Às vezes não há coisas interessantes num mês inteiro. Mas, e com o devido respeito, eu partilho aquilo que quero e você lê o que quer.
Outra questão a levar em conta é a de que somos o único blog que, desde o seu primeiro dia, nunca falhou uma actualização. Todos os dias se produz no DC e - esta é mais dirigida ao BR - às vezes cansa. Não tenho qualquer presunção de que todos - ou sequer metade, ou um terço - dos cerca de 200 posts que já editei neste blog tenham "qualidade", "importância", "critério" ou o que lhe quiserem chamar. E, se utilizo a primeira pessoa, é pela simples razão de gastar bom tempo dos meus fins-de-semana a vir ao trabalho postar para não deixar passar o dia blogueiro em branco. Ninguém me obriga a isso, é certo - mas foi um compromisso que assumimos e que procurarei honrar enquanto estiver por cá.

Nota final para uma crítica do Bernardo que, naturalmente, me toca. Quando ele diz que muitos utilizam o DC para fins pessoais, ingenuamente ou motivados pelos seus leitores e fãs, está seguramente a referir-se a duas pessoas. Recapitulo 6 meses de blogagem casadoira e creio que uma delas só posso ser eu.
Faço-o, sem dúvida nenhuma. Já me chamei "onanista do costume" e já me referi, com mais ou menos ironia, com mais ou menos sinceridade, a leitores e fãs. A questão é muito simples. Uso regularmente este blog para fins pessoais porque ele é meu. Como o é, em percentagens iguais, de mais 13 pessoas. Sendo meu, não recebendo salário nem tendo de obedecer a ordens superiores, escrevo sobre o que me dá na real gana e, por vezes, utilizo-o para promover coisas em que estou envolvido. Tal como o utilizei para promover o livro do meu irmão, o Cénico de Direito, os "Dez Regressos" do NCS, outros blogues, ou uma peça encenada pelo TR quando ele ainda nem fazia parte do DC. E continuarei a utilizar o DC para fins pessoais sempre que me parecer conveniente.

Suponho que a segunda pessoa a que a crítica do Bernardo se dirige, é ele próprio, que o fará, decerto, sensivelmente pelas mesmas razões. LFB

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